Nos idos da década de 60, o destaque que o governo brasileiro e o Ministro das Relações Exteriores Afonso Arinos dava a Cuba em suas relações internacionais passou a desagradar os Estados Unidos. Criou também uma área de atrito com a sociedade brasileira que não via com bons olhos tal apoio, em especial a UDN atuante, que vociferava a aproximação de Jânio com a ditadura castrista.
Nos EUA , inúmeros manifestantes cubanos dissidentes organizaram ações para retomar Cuba e, nesse propósito, contavam com a simpatia do governo americano. Em abril de 1961, numa fracassada invasão à baía dos Porcos, deu-se o fiasco americano , já que as forças cubanas conseguiram contornar a situação, gerando um impasse aos demais países “hermanos latinos”. O governo brasileiro deu apoio irrestrito a Cuba, fundamentado no princípio da soberania e autodeterminação dos povos.
O tirano Fidel estrategicamente enviou seu Ministro da Economia e Propaganda para participar de uma reunião Conselho Interamericano Econômico e Social no Uruguai. Depois visitou a Argentina, encontrando-se com o presidente Arturo Frondizi e deixou rastros e intrigas e crise naquele país.
Em 19 de agosto, Che Guevara é recebido pelo Presidente Jânio Quadros no Palácio, o qual aproveita a ocasião para atender um pedido do Núncio Apostólico, Monsenhor Lombardi, para interferir na libertação de 20 padres espanhóis, presos em Cuba. O pedido foi atendido, mas os Padres foram expulsos para a Espanha. Jânio lavou suas mãos com bom vinho tinto.
Num gesto inusitado, o Presidente Jânio Quadros resolve condecorar Che Guevara com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. Como tudo foi de última hora, não havia nenhuma medalha previamente pronta nem o diploma impresso para ofertar ao convidado. Jânio como bom ator que era, improvisou e colocou uma faixa verde e amarela oblíqua nos ombros do guerrilheiro, talvez na promessa ulterior de entregar tal distinção. O fato é que apesar de todo o alarido da UDN e protestos de Carlos Lacerda, Che Guevara, jamais recebeu materialmente a medalha e nem o diploma da Ordem Nacional do Mérito do Cruzeiro do Sul, apesar das citações infindáveis dos livros de história e as lendas repetidas pelos jornalistas esquerdistas. Afinal, Jânio mais uma vez encenou de maneira magistral sob o beneplácito de toda a esquerda festiva, que até hoje crê na lenda da Comenda do Cruzeiro do Sul.
O Governador Carlos Lacerda em contrapartida condecorou o líder democrático cubano oposicionista Manuel Antônio de Verona, que se encontrava no Brasil em busca de apoio para a Frente Revolucionária Democrática Cubana.
Em todo Brasil, começou a ferver a reação contra Jânio que fez de um gesto teatral , o início do fim de seu governo.
Uma comenda que foi anunciada, propagada , filmada e fotografada a cerimônia, pena que em Cuba não tinha PROCON , para Che reclamar da propaganda enganosa e na falta da entrega do produto.