Prof. Paulo Fernando Melo
O Imperador Dom Pedro I foi duplamente agraciado com o nome de cidade uma no RS com o município Dom Pedro de Alcântara e outra pelo seu filho o Imperador Dom Pedro II, que assinou decreto, em 1843, para fundar Petrópolis – do latim, literalmente, “a cidade de Pedro”.
O Piauí homenageou o último Imperador com o município de Pedro II, a cidade das opalas, e o Maranhão com a cidade de Dom Pedro.
Teresina, capital do Piauí, foi fundada em 16 de agosto de 1852 em homenagem à Imperatriz Teresa Cristina.
A Imperatriz foi lembrada também com Teresópolis (RJ), Terezópolis (com z) de Goiás (GO), além de Teresina de Goiás (GO).
Já a cidade de Petrolina (PE) deriva da contração dos nomes do imperador Dom Pedro II e da sua esposa Teresa Cristina.
A Paraíba reverenciou a Princesa Isabel dando o seu nome a um munícipio.
José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco, foi lembrado na capital do estado do Acre.
Irineu Evangelista, o Barão de Mauá, foi brindado com a cidade de Mauá da Sena (PR), além de Mauá (SP).
Desde o Império, o Brasil está acostumado a ver cidades, monumentos e espaços públicos convertidos em homenagens a líderes políticos e personalidades de cada época.
O IBGE traz exemplos de cidades que, com ou sem a anuência dos concidadãos, homenageiam os políticos e personalidades.
Muitos municípios iniciam com a palavra “presidente”. No estado de São Paulo, reverenciaram-se presidentes da Primeira República (Epitácio, Alves, Bernardes e Venceslau) e Marechal Deodoro (AL). Há também presidentes pós- Vargas, com as cidades de Tancredo Neves (BA) e Dutra (BA) e o presidente Figueiredo no Amazonas.
Há homenagens que se repetem. Presidente Juscelino é o nome de três municípios, em Minas Gerais, no Maranhão e no Rio Grande do Norte; e o presidente Getúlio Vargas no Maranhão e Santa Catarina; o presidente Médici denomina três localidades: uma no Maranhão, uma em Rondônia e Medicilândia no Pará e o Presidente Castelo Branco no Paraná e Santa Catarina.
Presidente Prudente é lembrado em São Paulo com a cidade de mesmo nome, além de Prudentópolis no Paraná.
O presidente Jânio Quadros é lembrado na Bahia e em Janiopólis (PR).
A homenagem se estende a estrangeiros no Espírito Santo e Tocantins, onde se encontram cidades chamadas Presidente Kennedy.
Muitos municípios homenageiam governadores, caso de Governador Valadares (MG) , Governador Celso Ramos (SC), Governador Mangabeira (BA), Dix-Sept-Rosado (RN), Governador Lindenberg (ES) , Governador Jorge Teixeira (RO) e Governador Luiz Rocha, Newton Bello, Eugênio Barros, Nunes Freire e Archer todos no estado do Maranhão, além da cidade de Governador Edison Lobão (MA) e Presidente Sarney (MA), referência aos políticos maranhenses, contrariando a legislação que proíbe homenagens a pessoas vivas.
Curioso, ainda, é o nome da cidade de Braganey em homenagem ao ex-governador Ney Braga (PR) e Lupionópolis (PR) em alusão ao governador Abelardo Lupion.
Os representantes do Poder Legislativo não ficam de fora vários municípios com o nome de senadores: Hugo Napoleão (PI) , Assis Chateaubriand(PR) – apesar de ser paraibano – ,Rui Palmeira (AL), Canedo (GO), Elói de Souza (RN), Georgino Avelino (RN), Salgado Filho (RS), Guiomard (AC), Pompeu (CE), Sá(CE) , Alexandre Costa (MA) , Amaral(MG) , Cortes(MG) , José Bento (MG) , José Porfírio (PA) , La Rocque (MA) e uma cidade cearense nomeada ao Deputado Irapuan Pinheiro, Curionópolis (PA) em alusão ao deputado Sebastião Curió e Luís Eduardo Magalhães na Bahia.
Também há referência a situações locais com municípios de comendador (Levy Gasparian – RJ), conselheiro (Lafaiete – MG), tenente (Joaquim Távora -PR), coronel (Fabriciano –MG), capitão ( de Campos -PI) doutor (Ulysses Guimaraes no PR apesar de ele ser paulista ) e cardeal (da Silva – BA) , (Arcoverde – PE) e a padres, tais como: Marcos (PI), Bernardo (GO) e Paraíso (MG) , professor (Jamil – GO), engenheiro (Ferraz de Vasconcelos – SP), médico (Franco da Rocha – SP) , empresário (Artur Nogueira -SP), jurista (Teixeira de Freitas – BA) e empreendedores (Paulo Afonso – BA e Delmiro Gouveia -BA).
O Marechal Cândido Mariano Rondon acha-se homenageado com a denominação do estado de Rondônia, além de Marechal Cândido Rondon (PA) e Rondonópolis (MT).
O presidente Floriano Peixoto foi agraciado com a capital de Santa Catarina – Florianópolis bem como Floriano (PI) e Marechal Floriano (ES).
Patrono do Exército Brasileiro, Luís Alves de Lima e Silva, foi relembrado com Duque de Caxias (RJ), Caxias (MA) e Caxias do Sul (RS).
O Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré, o patrono da Marinha do Brasil, foi agraciado com o batismo da cidade de Almirante Tamandaré (PR).
O Marechal do Ar Alberto Santos-Dumont, o patrono da Aeronáutica, foi agraciado com o nome do munícipio mineiro de Santos Dumont (MG).
O senador Ruy Barbosa foi lembrado na sua terra natal, a Bahia, bem como nomeia um munícipio do RN.
O tenente Siqueira Campos foi lembrado com a cidade de Siqueira Campos (PR).
Houve proposta para trocar o nome de Exú para Luíz Gonzaga em Pernambuco, a terra natal do Rei do Baião.
A cidade de Inhema – SP mudou o nome para Júlio Mesquita. Já Buquira – SP virou Monteiro Lobato e Amarílis – SP rebatizada como Oscar Bressane.
O Brigadeiro Eduardo Gomes, duas vezes candidato a presidente pela UDN, virou nome de cidade entre 1973 a 1987, quando o munícipio voltou a ser chamado de Parnamirim (RN), sendo o Marechal Mascarenhas de Moraes negligenciado.
Quantos outros ilustres brasileiros também se acham esquecidos?