Certa vez os parlamentares de um país viram-se às voltas com um problema intrincado: um projeto de lei que definiria quantas diagonais podem ser traçadas em um icoságono (polígono de 20 lados)? Era preciso desenhar as diagonais vértice por vértice e depois, pacientemente, unir os vértices não consecutivos dois a dois e contar o número de diagonais traçadas. Um deputado relator matemático, aplicando uma fórmula algébrica simples, afirmou que no icoságono havia 170 diagonais. Este número foi considerado elevado demais por alguns membros da comissão temática, pequeno demais por outros da comissão técnica, e houve polêmica no parlamento, realizaram-se seminários, audiências públicas para tratar da matéria, renomados matemáticos foram convidados, professores universitários, técnicos ilustres, participantes da Sociedade Matemática e membros do Conselho Federal de Ciências Exatas a Consultoria legislativa elaborou pareceres fundamentados. Foi então que o presidente da mesa colocou a matéria na pauta em regime de urgência, na votação em plenário, logo um DVS (destaque em votação em separado ) foi apresentado: resolver o caso por meio de uma votação aberta ou secreta? Cada deputado acionaria o painel eletrônico e votariam quantas diagonais ele “achava” que o icoságono deveria ter. O Autor do projeto Dep. Matemático Genuíno fez discurso veemente defendendo a matéria, os líderes encaminharam a votação, a liderança do Governo recomendou o voto sim, a oposição diz que a matéria era aberta, de foro íntimo, outro líder do pequeno partido encaminhou de maneira contrária, mediante uma vaia uníssona das galerias e flash da imprensa global, todas as emissoras deram ampla cobertura à histórica votação, horário eleitoral na TV pelo diga sim ao 100, abaixo o 170 do autoritarismo. Na última hora foi apresentada uma emenda de plenário com o apoio do líder do Partido da Democracia de Stalin sugeriu um plebiscito para que toda a população pudesse votar quantos diagonais seriam?
Nova confusão, deputados protestaram dizendo que a matéria era vencida, questões de ordem foram lançadas, um deputado levou uma projeção de power point para provar que eram 100 diagonais, o líder do Partido Socialista dos Números discordou veementemente, nem precisaria projeto de lei, bastaria o Ministro dos Algarismos o Novo Herodes baixar uma Norma Técnica explicando quantas diagonais seriam e pronto. Outro Deputado do Partido Autoritário Rubro sugeriu que fosse considerado crime hediondo as pessoas ou movimentos pró-170 que defendessem essa tese depois da lei sancionada.
Colocado em votação finalmente, o número 100 ganhou por ampla maioria, com vários deputados se retirando do plenário para não se comprometerem, o resultado anunciado diante de aplausos acalorados das galerias coordenadas pelo “Grupo Matemáticas pelo direito de decidir pelos 100”. A matéria foi para o Senado, então um renomado Senador levantou uma questão de ordem quando surge uma diagonal? A partir do primeiro risco ou quando chega ao outro vértice ou apenas quando completarem as 100 diagonais? O Supremo Tribunal da Verdade foi convocado , os ínclitos doutores da lei que não entendem nada de matemática iriam decidir quanto começa uma diagonal? Realizaram uma audiência pública Pitágoras, Gauss, Sarri, Leonardo da Vinci e os professores e doutores em matemática das duas correntes foram ouvidos e por 9 votos a 2 decidiram que a diagonal começa quando chega ao outro vértice, e ainda mais, o icoságono tem 100 vértices, pronto é matéria constitucional. Não cabe mais recurso!!
O Senado aprovou por unanimidade em votação simbólica. Submetido a sanção , o Presidente disse que achava pessoalmente que eram 7 diagonais, que tinha simpatia pela tese das 37 diagonais, o seu partido fez várias assembléias e a tese vencedora foi a do cem, e que apenas os fundamentalistas conservadores defendiam 170 diagonais. Afinal o Estado é dito laico !!O presidente decretou de maneira magistral: “Fica decretado que o icoságono tem exatamente 100 diagonais, nada mais, nada menos”, revogam-se as disposições em contrário, afinal as diagonais pertencem ao corpo do icoságono e o próprio Supremo Tribunal da Verdade já se pronunciou sobre a matéria. Não podemos esquecer a resolução da ONU Organização dos Números Unidos que asseverou que todos os Países devem adotar tese das 100 diagonais e o nosso Pais confirmou a adesão ao protocolo Internacional .
Esta estória é obviamente absurda e ridícula, pois as verdades matemáticas não se decidem pelo “achismo”, resoluções, tratados ou emenda à Constituição. Já dizia alguém com sabedoria: “Dois mais dois são quatro, mesmo contra a minha vontade”.
É isso que está sendo discutido nessa Casa, a verdade moral sobre a vida e a destruição da família. No entanto, quando se trata de verdades morais, muito mais importantes que as verdades matemáticas, parece que a maioria pode defini-las por votação e norma técnica. Por exemplo: um ser humano não nascido tem ou não tem direito à vida? É evidente que tem. Trata-se de uma verdade moral, que deriva da dignidade do homem, criado à imagem e a semelhança de Deus. Aliás, se tirarmos do homem (novo ou idoso, forte ou fraco, nascido ou não nascido, com meroencefalia ou não) o direito à vida, de que adiantarão os outros direitos (saúde, educação, segurança, propriedade…)? O único direito que podemos usufruir sem a vida é o direito de ser enterrado e não ter nosso corpo vilipendiado. Pode um defunto ter saúde? Pode um morto receber educação? Pode um cadáver gozar de segurança? Pode um falecido possuir bens?
O direito à vida desde a concepção é uma verdade gritante. No entanto está nessa Casa a seguinte comédia: definir por votação se esta verdade vai ou não continuar sendo verdade. A maioria terá o poder de decidir, por exemplo, que a criança não nascida é um ser bruto cujos restos mortais podem encher as latas de lixo dos hospitais.
O simples fato de isto ser posto em votação é vergonhoso. Se além de votado, o assassinato intra-uterino for aprovado, o Brasil estará assinando seu atestado de brutalidade e selvageria. A partir daí esta nação simplesmente não merecerá mais subsistir diante do sangue inocente derramado. A questão do aborto é apenas um dos temas que aviltam a dignidade da família, há projetos para todos os gostos desde a legalização da eutanásia, facilidade do jogo, esterilização a partir dos 18 anos, legalização da prostituição, manipulação das células troncos embrionárias e adoção de crianças por famílias alternativas.
A família é base da verdadeira felicidade, nas pequeninas coisas do lar encontramos as gotas de felicidade: o afago da mãe, a palavra de um pai, a ternura de uma avó, experiência do avô, a amizade entre irmãos, a dedicação de tios, as brincadeiras entre primos, as confraternizações familiares e as cerimônias religiosas em conjunto. Encontramos, então na família, a solidariedade no infortúnio, amparo nas doenças, consolo na morte, repartimos conquistas e vibramos nos triunfos, sendo estímulo de todos os dias, esperança de perpetuidade no sangue e na lembrança afetuosa de nossos antepassados.
Aprendemos as primeiras lições morais e religiosas alicerce para toda nossa vida. Tirem a família do homem e ficará a barbárie !! Fundamentado no direito de família é que o Estado tem o dever de realizar a justiça social. Só assim lutaremos contra a desordem, a prostituição e a ruína. Urge tomar medidas para defesa da família sob pena de termos em breve uma sociedade impregnada pelo materialismo agnóstico, a liberalidade desenfreada, e o controle total do Estado sobre a família, e principalmente a condenação final do extermínio da família……….
Defender o direito a contrair matrimônio, a fundar um lar, gerar filhos, a proteção à maternidade, à educação dos filhos, à segurança econômica suficiente para assegurar a estabilidade e a independência da família. Eis o nosso desafio !!! A luta insistente em defesa da vida e da família num ambiente saudável enquanto houver tempo, termino citando a proposta da delegação brasileira defendida na Assembléia da ONU que aprovou a Declaração dos Direitos Humanos apresentada pelos escritores Austragésilo de Ataíde e Plínio Salgado:
“O homem é um ser feito à imagem e semelhança de Deus, seu Criador, possuindo uma alma espiritual e imortal, dotada de inteligência e de vontade livre. Ele deve encontrar na sociedade civil os meios de cumprir seus deveres e de exercer seus direitos correlativos, conforme as finalidades da sua natureza e sua vocação divina”.
Detalhe essa proposta brasileira foi rejeitada na Assembléia da ONU porque citava Deus, preferiram aprovar o texto materialista positivista, sem Deus, nota-se que a discussão das diagonais do icoságono vem de longe………